Por que continuamos buscando nos outros aquilo que aquilo que não damos a nós mesmos?

Há um gesto quase invisível que carregamos ao longo da vida: estender a mão para o outro esperando que ele, enfim, nos dê o que nunca chegou. Um afeto não vivido, uma presença que faltou, uma palavra que nunca foi dita. A ausência torna-se uma bússola silenciosa, guiando nossos vínculos, escolhas e dores.
Não é carência. É lealdade a uma criança ferida que ainda vive dentro de nós — e que insiste em buscar no mundo o cuidado que lhe foi negado. Amor, acolhimento, escuta. E quando o outro não oferece, o corpo sente, a alma clama, e a repetição se impõe.
Há um padrão. E ele não está na superfície. Ele se esconde nos bastidores da psique, nos gestos automáticos, nos vínculos intensos e desequilibrados. Você já se perguntou por que certas histórias se repetem na sua vida, mesmo quando você tenta fazer tudo diferente?
A psique ferida e os reflexos nos vínculos afetivos

Segundo Jung, aquilo que não é trazido à consciência retorna como destino. Quando não revisitamos a origem da nossa dor, ela encontra caminhos próprios para se repetir: nos relacionamentos, nos fracassos, nas repetições que parecem coincidência — mas são chamados à consciência.
O inconsciente clama por cura através dos vínculos que escolhemos. Mas enquanto projetarmos no outro a responsabilidade de nos curar, permaneceremos aprisionados no ciclo do abandono.
A cura, então, não vem do afeto alheio — mas do gesto interno de voltar à cena, com novos olhos, e dizer àquela criança: “Agora eu te vejo.”
Quando o corpo começa a contar a história da alma

O corpo não mente. Ele grita o que a boca silenciou por décadas. A ansiedade que aperta o peito, a insônia que vigia as madrugadas, o estômago que adoece… são formas de expressão da dor não narrada.
Na visão psicossomática, o corpo torna-se o palco onde a psique encena suas feridas mais antigas. A doença não é punição, mas mensagem. Um convite a escutar aquilo que foi ignorado por tempo demais.
Curar não é apenas tratar o sintoma — é mergulhar na origem. E, para isso, é preciso coragem de lembrar, resgatar e reintegrar partes esquecidas de si.
Do colapso ao renascimento: o arquétipo da criança divina
Na linguagem simbólica, a criança ferida é também a chave da nossa regeneração. O arquétipo da criança divina, presente em diversas culturas e mitologias, representa o potencial de renascimento, criatividade e reconexão com o Self.
Quando nos permitimos resgatar essa criança — não para salvá-la, mas para honrá-la — algo desperta: a capacidade de viver com leveza, autenticidade e inteireza.
É nesse retorno ao centro que o caos se transforma em sentido, e a dor encontra finalmente sua transcendência.

Se você sente que repete padrões, se atrai por relações que ferem ou se reconhece nesse eco da infância, talvez seja hora de interromper o ciclo. Não com culpa, mas com compaixão.
Esse texto é um sussurro. Um lembrete. Uma trilha de volta para si. E, às vezes, é preciso uma escuta qualificada, um espaço seguro e um olhar amoroso para permitir que essa travessia aconteça. Em alguns momentos, a alma pede terapia.
Esse é o ponto onde o ciclo pode começar a ser desfeito. E para que esse fio oculto se revele, é preciso enxergar com novos olhos. É sobre isso que trata o vídeo a seguir — uma reflexão que toca o que muitas vezes não conseguimos nomear. Assista com o coração aberto.
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Um grande abraço, um beijo no coração e até breve!
Ana Reiz